Nos últimos meses, o cenário econômico brasileiro tem ganhado novos contornos, e o governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, tem apresentado mudanças significativas no planejamento orçamentário. O ministro Fernando Haddad, em recente participação na conferência anual do Santander, abordou a evolução desse cenário e os ajustes no orçamento para 2025.
Segundo ele, o novo orçamento reflete de forma mais precisa as realidades econômicas do país, trazendo uma abordagem mais conservadora e equilibrada, sem a necessidade de recorrer a expectativas excessivamente otimistas.
A nova visão orçamentária para 2025
Em suas declarações, Haddad enfatizou que o orçamento de 2025 foi construído com uma visão realista e conservadora, levando em consideração tanto as receitas ordinárias quanto extraordinárias. Diferentemente dos anos anteriores, onde havia superestimação de receitas e subestimação de despesas, o novo orçamento tem como base análises detalhadas e conservadoras, alinhando-se mais de perto às realidades econômicas.
Essa nova abordagem, segundo o ministro, visa evitar qualquer tentativa de “maquiar” os números para alcançar metas otimizadas, preferindo um foco no equilíbrio das contas públicas. Para Haddad, esse equilíbrio é fundamental para garantir que o Brasil siga um caminho sustentável, sem depender de receitas que não se concretizem, promovendo uma gestão fiscal mais prudente.
Reformas estruturais e sustentabilidade fiscal
A questão da sustentabilidade fiscal é um ponto central no discurso de Fernando Haddad. O ministro destacou a necessidade de substituir estímulos fiscais temporários por reformas estruturais que proporcionem um crescimento econômico estável a longo prazo.
Ele reconheceu que o Brasil enfrentou anos de déficits fiscais elevados e que é necessário adotar uma nova abordagem para reduzir o déficit primário. As reformas fiscais, segundo Haddad, são cruciais para criar um ambiente de confiança entre investidores e cidadãos.
Elas visam não apenas melhorar a eficiência do sistema tributário, mas também garantir que as despesas públicas estejam dentro de parâmetros controláveis. Entre as reformas mais importantes está a revisão das regras para as receitas e despesas públicas, que permitirão ao governo fazer uma transição suave de políticas emergenciais para uma governança fiscal mais robusta.
O impacto no mercado de crédito
Outro ponto abordado por Haddad foi o crescimento do mercado de crédito, que tem se mostrado um indicador positivo para a economia. O ministro ressaltou que o novo marco de garantias tem facilitado o acesso ao crédito, reduzindo o risco para os bancos e incentivando a concessão de novos empréstimos.
Este cenário é bastante promissor, com previsões de crescimento da carteira de crédito na ordem de 10,3% até o final do ano, de acordo com a Febraban. O acesso ao crédito não é apenas uma questão de volume, mas também de qualidade.
Com a redução dos spreads bancários — a diferença entre as taxas de juros cobradas dos clientes e as pagas pelos bancos —, os consumidores passam a ter acesso a linhas de crédito mais baratas. Esse movimento beneficia diretamente o mercado imobiliário e outros setores dependentes de crédito, estimulando investimentos e o consumo.
Expectativas para a inflação e o mercado de trabalho
A inflação também foi um tema central nas declarações de Haddad. O ministro destacou que as pressões inflacionárias, no curto prazo, estão controladas, com os núcleos de inflação se comportando de maneira favorável.
Ele afirmou que a inflação tem se mantido dentro dos parâmetros esperados, o que oferece um ambiente de maior estabilidade econômica e permite ao Banco Central trabalhar com mais flexibilidade na gestão das taxas de juros. Outro dado positivo mencionado por Haddad é a recuperação do mercado de trabalho.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, apesar dos desafios impostos por eventos climáticos, o saldo de contratações tem sido positivo, sinalizando uma recuperação consistente. Este desempenho no mercado de trabalho é um indicativo de que a economia está se ajustando a uma nova realidade, com mais empregos sendo criados e as condições de vida da população melhorando gradativamente.
Considerações finais
O discurso de Fernando Haddad na conferência do Santander trouxe uma visão otimista sobre o futuro econômico do Brasil. O orçamento de 2025, ajustado às realidades econômicas, representa um avanço significativo na gestão fiscal do país.
Com uma abordagem mais conservadora e equilibrada, o governo está criando condições para um crescimento econômico sustentável, apoiado por reformas estruturais, maior eficiência no sistema tributário e um ambiente de crédito mais saudável.
A combinação desses fatores deve promover uma recuperação econômica robusta, com impacto positivo tanto para o mercado de trabalho quanto para a inflação. Haddad acredita que o Brasil está no caminho certo para garantir a estabilidade fiscal e, consequentemente, proporcionar um ambiente de negócios mais favorável para investidores e cidadãos.